Exposição gratuita no CCBB SP apresenta a obra de Joaquín Torres García

Last Updated: 10/12/2025Por

O CCBB São Paulo está recebendo a exposição internacional “Joaquín Torres García – 150 anos”, primeira grande mostra dedicada ao artista uruguaio no país com um conjunto tão amplo de obras e documentos. Gratuita e aberta ao público até 9 de março de 2026, a exposição reúne cerca de 500 itens. São pinturas, manuscritos, desenhos, maquetes e os famosos brinquedos de madeira criados em família, além do icônico mapa “América Invertida”, de 1943.

Com curadoria de Saulo di Tarso, em colaboração com o Museo Torres García, e organização da Cy Museum, a mostra foi especialmente concebida para o circuito dos Centros Culturais Banco do Brasil. Depois de São Paulo, ela segue para Brasília (março de 2026) e Belo Horizonte (julho de 2026), no contexto das celebrações pelos 150 anos de nascimento de Joaquín Torres García (1874–1949), um dos pilares da arte moderna na América Latina.

A exposição busca aproximar o público do pensamento de Torres García, reconhecido como formulador do “universalismo construtivo”. A proposta era clara: criar uma arte moderna a partir do sul, sem depender de modelos europeus ou norte-americanos, valorizando símbolos, raízes e referências locais. Esse espírito também orientou o Taller Torres García, escola fundada em Montevidéu em 1943, que estimulava artistas latino-americanos a construir uma linguagem própria, conectada à cultura do continente.

O público poderá ver obras raras que deixam pela primeira vez as reservas técnicas do Museo Torres García, em Montevidéu, além de empréstimos de instituições como o Museu d’Art Contemporani de Barcelona, o Institut Valencià d’Art Modern, o Museo de la Solidaridad Salvador Allende (Chile), o MASP e a Pinacoteca de São Paulo. É uma oportunidade única de conhecer, em um só percurso, a dimensão pictórica, gráfica, escrita e pedagógica do artista.

“América Invertida”

Um dos núcleos centrais da exposição é o conceito de “América Invertida”. Nos anos 1930, Torres García desenhou o mapa da América Latina de cabeça para baixo para afirmar, de forma visual, a ideia de que “nosso norte é o sul”. Mais do que um gesto político, o mapa reivindica o sul como origem, referência e lugar de produção de pensamento – uma declaração de independência simbólica em relação ao olhar hegemônico do norte. No CCBB, esse ícone ganha forma de móbile, suspenso na rotunda do térreo, como ponto de chegada de uma linha contínua que atravessa os andares da mostra.

A expografia, assinada por Stella Tennenbaum, dialoga com a linha do Tratado de Tordesilhas e cria um contraste minimalista com a diversidade de obras. A ideia é que a trajetória pelas salas vá costurando manuscritos, desenhos, pinturas e objetos, deixando que o próprio Torres García “fale por si”, como define o curador. Cadernos manuscritos, desenhos da autobiografia “Historia de mi vida” e publicações históricas, como “Cercle et Carré”, “Escola do Sul” e “La ciudad sin nombre”, evidenciam o alcance coletivo e pedagógico de sua atuação.

Foto de Divulgação

A mostra também destaca os “Juguetes”, brinquedos de madeira que, em tempos de dificuldade financeira, ajudaram a sustentar a família e se transformaram em símbolo da integração entre arte e vida. Maquetes, estudos e composições murais relacionadas à obra “Monumento Cósmico” (1938) mostram como o artista combinava geometria construtiva com pesquisas sobre símbolos e grafias da arte pré-colombiana, em busca de uma linguagem plástica universal.

Relação com o Brasil

Outro ponto forte da exposição são as conexões estabelecidas com a arte brasileira. A influência de Torres García atravessou fronteiras e ecoa na produção de artistas concretos e neoconcretos do país. O visitante encontrará obras de nomes como Anna Bella Geiger, Carlos Zílio, Rubens Gerchman, Montez Magno, Delson Uchôa, Marconi Moreira, Paulo Nenflídio e Mano Penalva, além de artistas como Lina Bo Bardi, Alfredo Volpi, Cildo Meireles, Emmanuel Nassar, Hélio Oiticica, Estela Sokol e Arthur Bispo do Rosário. As relações com arquitetura, design, corpo e ritual ampliam a leitura da chamada “Escola do Sul”.

Em meio a desenhos, pinturas e estudos ligados à arqueologia e à arte pré-colombiana, o visitante é convidado a percorrer uma verdadeira viagem sensorial e conceitual pelo “universalismo do sul”. Entre os documentos exibidos, chama a atenção uma carta inédita enviada pela poeta brasileira Cecília Meireles a Joaquín Torres García, reforçando os laços entre o artista e o ambiente cultural latino-americano.

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Símbolos recorrentes como peixe, sol, estrela, relógio, casa, homem e mulher aparecem em diferentes escalas e suportes, compondo uma espécie de vocabulário visual que atravessa toda a obra do uruguaio. Peças como “Idea” (1942) e “Pachamama” (1944) exemplificam esse equilíbrio entre razão e sensibilidade, céu metafísico e terra ancestral, sempre ancorado em materiais simples, como madeira pintada e estruturas unidas por pregos.

Serviço

Exposição: Joaquín Torres García – 150 anos

Local: CCBB São Paulo

Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo (SP)

Data: de 10 de dezembro de 2025 a 9 de março de 2026

Horário: das 9h às 20h, exceto às terças-feiras

Ingresso: gratuito

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